Por Cesar Dambros
Escrever é sempre esse compromisso que implica uma responsabilidade muito grande para com quem possa ler. A cada novo texto, um novo desafio. E na cabeça passa sempre uma cobrança de que o texto deva transmitir algum conteúdo de proveito às pessoas a quem mensagem alcança. E é exatamente na “sintonia” com espíritos amigos que surge a inspiração para compor textos que muitas vezes, dizem o que nem eu sabia que iria escrever.
Vozes que sussurram palavras, frases que surgem de dentro de algum silêncio e que vão aos poucos, compondo o texto da mensagem. Não, não é necessário colocar a mão na testa, como fazem muitos médiuns. Mas um bom fone de ouvido me auxilia sempre a manter a concentração adequada.
Mas, de qual assunto falar a cada nova edição? Do Amor, ah, esse é o assunto predileto, inesgotável, infinito e mais rico entre todos… Mas temos que falar também do Perdão, atitude de valiosa beleza… e da humildade, a mais simples e talvez, a mais cara virtude, aquela que não se reconhece por exatamente, ser autêntica…
Podemos falar da Coragem, da Esperança, da Fé… da Caridade, da Disciplina… Podemos ainda e sempre falar dos defeitos humanos, do Orgulho, da Vaidade e do Egoísmo, da Culpa e da Tristeza, da Raiva e do Ódio e de todos os males que eles causam… e falamos. Falamos, escrevemos, palestramos, discutimos todos esses temas muitas vezes com a propriedade da experiência.
Mas, como cada dia é diferente, cada novo segundo é já um outro tempo em nós e ao redor de nós, também cada novo texto revela sentidos diferentes às pessoas. E mesmo textos já escritos, quando relidos, tanta vez nos faz despertar para verdades maiores, consciência e luz que clareia a mente e as ideias. Quando escrevo isso, lembro de pronto a página insistente do Evangelho no Lar – O Homem de Bem – ou – Os Bons Espíritas -…
Dias atrás, no encerramento dos estudos doutrinários no Centro Espírita, uma colega apresentou seu trabalho e nele, leu de O Evangelho Segundo Espiritismo, o capítulo 17 – Sede Perfeitos, o item 3, O Homem de Bem:
-O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica e Lei de Justiça, de Amor e de Caridade em sua maior pureza. Se interroga a consciência sobre seus próprios atos, pergunta a si mesmo se não violou essa Lei, se não fez o mal e se fez todo bem que podia…
E, ao ouvir aquela mensagem já tantas vezes lida, estudada, repetida, fui às lágrimas pela beleza e verdade de seu conteúdo. Era como estar descobrindo a pureza viva de cada palavra, as mesmas que tantas vezes li e até entendi porém, de forma diferente. Aliás, nos Estudos Avançados do livro A Gênese, de Allan Kardec, essa mesma beleza se declara a cada parágrafo. O conteúdo, a lógica, a sequência perfeita de informações, explicações e comentários não deixa brecha para uma vírgula, sequer.
– E isso acontece em todo o pentateuco – O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. São obras que se complementam em tamanha harmonia que é impossível subtrair ou alterar partes dos textos sem comprometer toda a estrutura e lógica da mensagem.
Mas, ainda precisamos compor esta mensagem, esta mesmo que você está lendo, a partir desta próxima palavra. Ao ler, você mesmo entende, interpreta, questiona, lembra de fatos, pensa nas próprias ideias… e isso é também filosofar o Espiritismo.
Mas comparando tudo isso com a tua vida, o que há de parecido com o que foi escrito até aqui?
Nesse grande e infinito Livro da Vida, quantas vezes já estudastes o capítulo do Amor? Lembra, o amor primeiro pela mãe, pelo pai, pelo amiguinhos… O amor aos filhos, o amor do coração? Como você lê o amor hoje? Como você interpreta o teu amor hoje? Ele é maior que antes, ele é melhor do que já foi? E o Perdão, ainda é o mesmo? Você já perdoa adultos, parentes, familiares, estranhos com a mesma facilidade que perdoava um amiguinho e voltava a brincar com ele??? Teu perdão cresceu, aumentou e ficou mais fácil, mais simples? Ou terá sido o orgulho, a vaidade e o egoísmo que tomaram conta do comportamento gerando medo, raivas e ódios, mágoas, tristezas e culpas em você?
Tudo bem, vida é isso mesmo! É preciso ler e reler muitas vezes as mesmas páginas, as mesmas pessoas e as mesmas situações em momentos diferentes do tempo para compreender-lhes o real sentido, cada vez mais claro.
Nessas releituras, podemos entender melhor o Amor, e aceitar mais facilmente o próximo como nos aceitam os espíritos superiores; podemos reler o familiar difícil e compreender o passado, as causas do agora e assim, planejar um futuro melhor; permitir ao Perdão que nos descontamine do ódio e da mágoa e assim, aprendermos a gerar saúde em nós mesmos…
Ainda aqui, nesta frase, penso em qual a mensagem mais bela poderia ser escrita. E não consigo não pensar em Jesus e na Sua Divina Mensagem. Do amor que caminhou entre os corações mais aflitos, as mentes mais perversas, os seres brutos ao Seu redor… e ainda assim, Ele lendo e relendo o Amor Divino de Deus, foi capaz de escrever em cada ser os caracteres perfeitos do Homem de Bem através de Seu exemplo vivo!
Por um instante, pare sua leitura agora e pense em sua vida… interrogue tua consciência, se tens feito o mal e se tens feito todo o bem que podes? Se há alguém que precisa do teu perdão? Se há alguém a quem precisas pedir perdão? E quantos precisam do teu amor, do teu olhar, do teu tempo, do teu abraço?
Não te esqueças, em harmonia com o alto, sempre terás o amparo divino, a força, a coragem e a ideia, a inspiração e a luz para seguir em frente… Leia tua vida, releia teus momentos, tuas relações… Descubra verdades maiores no tempo da eternidade, descubra a potência viva do amor e o bálsamo do perdão… Renasça, qual Jesus, para a vida eterna, para o amor eterno em você…
E seja feliz, com maior verdade do que já fora até hoje. E depois, releia e perceberás que terás escrito, sem perceber, A Mais Bela Mensagem no teu próprio coração!
Cesar Dambros é trabalhador voluntário do CECAL.

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