A história do CECAL é marcada por dedicação, amor e trabalho incansável de muitas mãos e, especialmente, as da espiritualidade, que operam no invisível para tornar realidade a fundação da casa espírita. Exemplo disso é a trajetória de uma das fundadoras do CECAL, Maria Célia Pereira, cujo destino começou a traçar um feliz encontro com a dona Rosalina Corrêa Garcia.
Quando Maria Célia se aposentou, ela não pensava em ficar parada. Professora universitária e estudiosa por natureza, ela queria se dedicar a uma atividade além da educação formal. Filha de comerciante, essa herança sobressaiu-se quando resolveu se dedicar ao ramo imobiliário, após aposentada. “Eu não entendia nada da área de vendas, como captar clientes ou contratos. Trabalhei no ramo, numa empresa, por cinco anos, onde fui campeã de vendas por cinco anos. E ali nasceu a primeira raiz para eu encontrar o Espiritismo, frequentando uma casa espírita em São José por indicação de uma amiga”, conta.
O feliz encontro de Maria Célia e Rosalina
Quis a espiritualidade que Maria Célia conhecesse dona Rosalina através da já sua imobiliária para realizar a venda do apartamento de dona Rosalina no centro de Florianópolis para se mudar para Canasvieiras. Esse encontro foi um divisor de águas em sua vida. A uma certa altura da conversa, dona Rosalina, com sua mediunidade apurada, olhou para Maria Célia e disse: “Você é espírita? Sim, você é espírita e você vai trabalhar comigo”.
Maria Célia relembra o espírito empreendedor de dona Rosalina. Ela dizia: “Vou trabalhar para fundar uma casa espírita em Canasvieiras. Já me informei com a Federação (Federação Espírita Catarinense) e descobri que em Canasvieiras não existe casa espírita, nem em Daniela ou Jurerê. Só em Cachoeira do Bom Jesus existe a Serte. Vamos formar um grupo e nos reunir, estudar e vamos fundar uma casa em Canasvieiras”.
Dona Rosa, a pescadora de almas
E assim foi feito. Dona Rosalina e muitos outros pioneiros, como Dulce Lima Nobre Moço, Myrian de Lima Nobre, Antonio de Souza Gurgel (conhecido como Pimenta), Edson Becker de Aquino, começaram a reunir-se para estruturar o projeto. Inicialmente, a casa funcionava em uma pequena sala de 30 metros quadrados, que, apesar de suas limitações, serviu como o ponto de partida para as atividades espirituais.
Com o aumento da demanda e o crescimento do grupo, foi necessário encontrar um novo espaço, que permitiu a expansão das atividades e melhor atendimento aos frequentadores, cujo número dobrava em épocas de temporada.
No novo endereço, começou a funcionar a biblioteca da então Sociedade Espírita Caminho, Verdade e Vida, que teve início de forma singela, com uma pequena estante de livros que a Rosa trouxe de Porto Alegre. “Eu e a Myrian íamos nos sábados à tarde lá e organizamos a primeira estante da biblioteca do Centro”, relembra com alegria.
Dulce e a criação do estatuto e regimento interno
Os desafios foram muitos, mas a dedicação dos primeiros membros e a liderança de pessoas como Rosa e Dulce foram fundamentais para o desenvolvimento do CECAL. Enquanto Rosa era a mentora, a empreendedora, uma verdadeira pescadora de almas, Dulce desempenhou um papel importantíssimo no fortalecimento do agora Centro Espírita Caminho da Luz (CECAL) ao assumir a presidência por seis anos, após a saída de Rosa.
Nesse período, consolidou os alicerces da casa, com firme persistência e fidelidade à Doutrina Espírita, a criação do Estatuto e Regimento Interno, registrados oficialmente com a redação e auxílio de Edson Becker de Aquino, marido de Maria Célia, o qual por muitos anos apoiou o CECAL nas áreas administrativa e financeira.
O trabalho contínuo de atualização e crescimento foi mantido por líderes e presidentes subsequentes, como Mônica Schneider Scofano, Célia Torres e, atualmente, Ana Paula Grzybowski. “Cada um desses líderes trouxe suas próprias contribuições e venceu os desafios, sempre mantendo o foco no desenvolvimento espiritual e na expansão das atividades do CECAL. A liderança de Ana Paula, por exemplo, tem sido marcada por diversas mudanças e adaptações necessárias para acompanhar o crescimento do centro e as demandas da comunidade”, ressalta.
Nova sede: a semente germinou e rendeu bons frutos
Com a sede própria do CECAL, Maria Célia olha para trás e emociona-se ao constatar que a semente plantada na terra boa germinou e está gerando muitos frutos como na parábola de Jesus. “É uma grande alegria saber que a semente gerou um ponto de luz que está se ampliando a cada dia com novos trabalhadores e novas forças que fortalecem a casa. Nós somos os trabalhadores da Seara de Jesus, que é abençoada por Deus como um ponto de orações, de acolhimento, de caridade e muito amor para cumprir os objetivos maiores do Centro”.
E, como trabalhadora do CECAL, Maria Célia segue como voluntária participando do grupo mediúnico às sextas-feiras, trazendo consigo sua sabedoria, a experiência adquirida ao longo dos anos e muito devotamento ao Espiritismo. “Eu amo profundamente o Espiritismo, porque existe na doutrina uma filosofia e uma ciência que nos explica pela lógica o que é a vida, o que estamos fazendo aqui, de onde viemos e para onde vamos. Existe uma caminhada e uma expectativa verdadeira e real”.
A jornada do CECAL, com todas as suas transformações e desafios, é um reflexo do esforço coletivo para manter viva a luz do Espiritismo e oferecer apoio e orientação àqueles que buscam compreender e viver a Doutrina Espírita.
O CECAL continua a ser um farol de esperança e aprendizado, no qual cada membro, antigo ou novo, contribui para o crescimento e a evolução da casa, perpetuando o legado de amor e dedicação que começou com os pioneiros e que agora é carregado por todos que fazem parte dessa jornada espiritual.

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